quarta-feira, agosto 29, 2007

Maconde em risco de fechar. by Jornal de Noticias.

Sem garantias de apoio financeiro da banca, a Maconde pode fechar as portas. A têxtil vilacondense, que emprega 583 trabalhadores, corre "sérios riscos" de encerrar se, até ao final desta semana, não conseguir garantir cerca de seis milhões de euros necessários para a conclusão do processo de reestruturação em curso. A informação foi dada, ontem de manhã, pelo presidente da Câmara, Mário de Almeida. Esta fábrica da Maconde ainda é a maior unidade têxtil da região.

Depois da saída de Pais de Sousa em Março passado, a empresa viu entrar Cândida Morais. Volvidos seis meses, a gestora faz depender a sua manutenção na Maconde do acordo com a banca e da garantia de financiamento. Certo é que, até agora, o BCP e Caixa Geral de Depósitos ainda não se mostraram receptivos a um apoio financeiro.

De acordo com o presidente da Autarquia, que anteontem reuniu com a Administração da empresa, os cerca de seis milhões de euros são imprescindíveis para fazer face às despesas mais imediatas para a conclusão da reestruturação, iniciada, em 2005, por Pais de Sousa. Preocupado com a possibilidade de 583 trabalhadores ficarem no desemprego, Mário de Almeida já pediu a colaboração do adjunto de José Sócrates para o sector, Vítor Iscaria, e ao secretário de estado Adjunto, da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra. As mulheres (412) estão em maioria entre os funcionários da fábrica.

"Estou preocupado, mas hoje [ontem] deu-me a impressão de que há alguma hipótese. A Administração diz que a empresa é viável e tem encomendas. Só não tem liquidez. Os contactos que fiz com o BCP e com o Governo deixaram-me alguma esperança. Mas, se não houver acordo muito em breve, a situação vai complicar-se", explicou o autarca, no final do dia de ontem.

Sindicato pouco confiante

Menos confiante está Domingos Pinto, do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio de Vestuário e de Artigos Têxteis. O sindicalista garante que a empresa precisaria de 25 milhões de euros para concluir a reestruturação, para além dos 32 milhões que detém de dívidas.

A Maconde, afirma Domingos Pinto, não possui garantias para dar à banca e o impasse "já era esperado". Para o sindicato, o problema vem de longe e aponta o dedo à gestão da unidade. "A empresa não pode viver de trabalhar a feitio para Inglaterra como qualquer fabriqueta de esquina", criticou Domingos Pinto, que vê, como única saída para a empresa, a aposta na marca própria a Oxford. Quanto à situação actual da Maconde, o sindicalista lembra que, dos 200 a 300 trabalhadores que aceitaram a rescisão amigável aquando do encerramento das unidades fabris de Braga e da Póvoa (ler Passos do Processo), já há "quem esteja sem receber há mais de seis meses". Então, ficou acordado que o pagamento das indemnizações seria feito em prestações.

O sindicato espera reunir-se, amanhã, com a Administração da Maconde, embora deixe o alerta se for para trabalhar "a feitio" para outras marcas, a têxtil vila-condense acabará por fazer mais reduções no pessoal. Hoje conta com 583 funcionários, mas chegou a ter mais de dois mil.



Fábrica empregava mais de mil pessoas

Na década de 90, o grupo Maconde chegou a empregar, só na unidade fabril de Vila do Conde, mais de mil pessoas. Nessa altura, o grupo tinha mais de dois mil funcionários. Com o lançamento das lojas Macmoda, a empresa (criada em 1969 como fabricante de roupa de homem para marcas topo de gama) ambicionava entrar no mercado da moda a preços baixos, à semelhança da Zara espanhola.



Começaram a fechar lojas no ano de 2002 Com a liderança de Joaquim Cardoso, o grupo traçou um plano de expansão da rede de lojas e chegou mesmo a lançar-se em Espanha. Em 2002, o plano falhava e a Maconde começava a encerrar as lojas no país vizinho. Joaquim Cardoso venderia, pouco depois, os seus 60% na empresa.



Gestão do grupo sofre mudança

A Maconde entrava em crise e, numa altura em que os preços da mão-de-obra pesam cada vez mais, virava-se para o trabalho "a feitio". No ano de 2005, houve mudanças na gestão do grupo. Entrou Mário Pais de Sousa para a presidência da Administração. Conhecido pela revolução na empresa Vulcano, Pais de Sousa traça o plano de restruturação. A Maconde vendeu a unidade da Maia. No ano passado, foram alienadas as lojas Macmoda, Tribo e Zona Franca ao grupo Sonae. No ano passado, encerraram a fábrica de Braga (Junho) e a unidade de corte da Póvoa (no final do ano).

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