terça-feira, novembro 14, 2006

Obrigada por tudo Kika. Nunca te vamos esquecer...13/11/06

Porque nos deixaste se ainda tinhas tanto para dar e para receber?É tão duro e cruel perder um "animal de estimação" que era um membro da nossa familia , que nos aturava ,que nos deliciava com as suas brincadeiras e com a sua inteligencia , e que quando estavamos tristes com a vida podiamos contar com a sua presença sempre a nosso lado para nos fazer companhia e nos dar forças para continuar mais um dia...
Toda a vida da Kika foi na nossa casa , e ao longo de 15 anos ela nos mostrou como certos animais merecem mais respeito e amor que certos humanos.
É complicado chegar a casa e ver que não estás á porta para me receber , estar a comer algo e ver que tu não apareces para pedir um bocado, estar sentado no sofá e ver que não tás a querer vir para a nossa beira..... fazes muita falta :(
Vais deixar muitas saudades cá em casa , pois a casa nunca mais vai ser a mesma , nem nunca terás uma digna substituta.
Foi pena ter acabado tudo assim tão rápido mas foi melhor não teres sofrido mais , não merecias que acontecesse isso.
Obrigado por tudo o que nos deste e ensinaste!
Nunca te vou esquecer.....................................................

Fernando Ramos.


Nunca tinha pensado neste assunto que é perder um animal de estimação e o quanto custa, por isso achei interessante este testumunho de alguém que lidou com um amigo que tinha perdido um animal de estimação e que se encontrava numa depressão enorme.

Retirado do Jornal de Noticias:


Quanto nos custa perder alguem...

Autor: Peregrino

De nossa familia ou mesmo um animal de estimação foi questão que nunca pensei em relação ao meu Pantufa porque isso ainda não me aconteceu nem imagino qual será minha reacção apesar de saber quanto me custou perder primeiro minha mãe que morreu muito novita e décadas mais tarde meu querido paisocas que se findou com um daqueles cancros que se eu tivesse inimigos essa grave e dolorosa morte nunca lhes desejaria como mal de minha vingança pessoal... (...)...

E isto veio-me á mente porque uma velha amiga minha que vive sozinha há mais de 18 anos apenas com a companhia de dois ou três gatitos recolheu-se cá por minha casa a seu pedido para superar a morte de um de seus animais de estimação.

Chegou-me aos ouvidos que andava em inicio de depressão e até cheguei a imaginar que fosse um de seus males de amor recentes mas depois de a visitar verifiquei que era coisa bem mais grave a ponto de estar a ser medicada. Nunca tal me havia passado pela cabeça não só pelo seu feitio voluntarioso mas tambem pela sua profissão muito chegada a doentes terminais além de também já ter tido a desdita de saber o que é perder os pais e dois irmãos.

Naquele final de tarde entrou-me portas adentro e começou a falar ... a falar ... a falar ininterruptamente ... que resolvi sentar-me numa cadeira a esmo e deixa-la desabafar em torrentre escutando-a apenas e sem comentários como se de um membro de sua familia se tratasse.

Para mim esta novidade da dor da perca de um animal de estimação era deveras grotesca o que me abrigava ainda mais a conter-me não fora um dichote de minha parte acabar com esta velha amizade cujo drama sentimental eu nunca conseguiria entender se não a escutasse atento mas de mente e coração coragem bem aberto ás suas reacções.

Falou-me desesperadamente deste seu animal de estimação como se de um familiar muito amado se tratasse desesperada e de lágrimas nos olhos rebentou em choro convulsivo que me deixou petrificado porque era a primeira vez que me via perante tal desabafo por causa de um animal com o mesmo valor sentimental que dedico e recebo de meu velhote Pantufa que mais dia menos dia partirá para algures e me deixará sem a sua companhia.

Levantei-me e muito a medo tentei aconchegá-la a mim mas como seu estado de espirito era de uma revolta quase que ilimitada que me sujeitei levar um par palmadas em meu velho peito até que se aninhasse e ficasse a serenar lentamente no meio de um amainar de seu choro convulsivo estremeções de seu corpo e finalmente ajudei-a deitar-se no sofá cama onde ficou a dormir de rosto bem mais sereno.

Naquele dia um fronteira de dicotomias sentimentais abriu-se para sempre ou seja as relações sentimentais entre pessoas são tão verdadeiras ou mais fortes ainda que as existentes entre nós e nossos animais de estimação que representam para muita gente uma espécie de muro de suas lamentações ou mesmo um salutar refúgio como tábua de salvação para um nefasto isolamento em que muitos de nós nos vemos na situação de ter que optar para viver longe de tudo e todos por razões que só a quem assim vive pode analisar bem melhor do que eu.

Olhei para o Pantufa e fugi de imaginar como será no dia em que este velho companheiro achado nas ruas de Albufeira abandonado ainda bebé sabe-se lá por quem me deixar porque seu ciclo de vida ao fim chegou.

O meu Pantufinha tornou-se num companheiro que me ensinou a transformar as solidões de minhas manhas saindo com ele nas quatro estações do ano até á praia onde brincamos os dois na areia e nos dias bons fazemos "corridas" de natação ou algumas vezes a pé pelos areais dourados albufeirenses. Um companheiro que quando me acha diferente salta para o meu colo e de um de seus olhitos lá cai uma lagrimita como se estivesse a entender minha tristeza em silêncio. Um velho companheiro que tal como eu já sente o peso dos anos em suas articulações. Um velho companheiro que é incapaz de estar no Veterinário sem a minha companhia por perto ou mesmo fazendo-lhe festinhas como se de um filhote meu se tratasse. Um velho companheiro que quando me viu regressar do hospital de pois de um de meus internamentos voltou a comer e a fazer xixi . Um animal de sentimentos tão nobres e humanos como todos os humanos que eu conheci conheço e estarei seguro se disser que continuarei a conhecer.

Quanto nos custará perder familiares amigos e animais de estimação...?!

Marcolino Duarte Osório
- Peregrino -
2006-09-04 jornal de noticias.


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